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Temos o orgulho de abrirmos o Imaginando com os trabalhos do ilustrador Raoni Marqs. Confiram!

Imagenária entrevista Raoni Marqs, ilustrador, colaborador do Box Series e fundador e CEO do site Balnilia&co.

I- Conte um pouco sobre você, como começou efetivamente a desenhar, o que o levou a escolher essa carreira? Quais foram seus incentivos e suas dificuldades.

Eu não escolhi muita coisa… Eu desenho desde pequeno, e até hoje não chega a ser uma carreira. É só uma coisa que eu faço. Os incentivos são… ver um desenho legal quando eu acabar – e saber que fui eu quem fiz. É idiota, mas é realmente divertido ver que você desenhou alguma coisa que deu certo.

I – Seu estilo de trabalho parece ser bem variado, entre charges rápidas e ilustrações mais rebuscadas, utilizando ora animais, ora figuras humanas, todas caricaturadas, como se dá esse processo criativo? Que materiais você utiliza?

Funciona assim: eu penso numa pose exótica… e tento colocar o máximo possível de coisas em cima disso. Quando parecer bonito e ameaçador é porque está pronto.

A influência do ilustrador Akira Toriyama, criador da série Dragon Ball

I – De cara seu trabalho me faz lembrar ícones do mangá como Akira Toriyama (criador da série Dragon Ball) ou mesmo Eiichiro Oda, da série One Piece, mas com uma pegada mais nacional. Essa influência realmente existe? Que artistas o influenciaram e ainda influenciam?

É… eu meio que esqueci tudo o que eu sabia depois que eu comecei a ler One Piece, que é, de longe, o melhor mangá de todos os tempos (aquele cara é bom demais, chega a ser idiota). Mas eu também aprendi a desenhar muita coisa lendo Takehiko Inoue que fez Slam Dunk e Vagabond, e com o Yukito Kishiro que fez Gunnm. E desaprendi bastante com o Taiyo Matsumoto que é melhor que todos eles, porque ele consegue desenhar tudo errado e fica lindo. Bom, e Dragon Ball… Até o Emicida é fã de Dragon Ball, é meio que uma inspiração universal, haioshaoshaiosh

I – No Box Series, você parece ter bastante liberdade para escrever da forma que deseja, como surgiu a oportunidade de trabalhar no site? Como você escolhe as postagens?

Eu fiz um post idiota sobre a Britney participar do Glee no Balnilia, e um dos criadores do Box achou o máximo e me chamou pra escrever coisas daquele tipo pro site. Daí eles me deram minha própria coluna, mesmo eu não sabendo nada sobre séries, haioshaoshaio. Então, a minha pauta é basicamente “o que eu quiser”. Normalmente eu só escrevo alguma coisa bem imbecil, mas às vezes eu me divirto falando muito mal de qualquer série que os adolescentes adoram, tipo Glee ou Big Bang Theory porque todo mundo enlouquece e mil pessoas entram e leem o texto só pra me xingar. Às vezes eu também falo consistentemente sobre séries o que acaba virando um texto bem chato.

I – No blog Balnilia você parecia ilustrar charges muito ligadas ao seu dia a dia, suas relações com colegas da faculdade, montagens sobre acontecimentos do cotidiano além de Star Wars, como surgiu a ideia do blog? Como se dava o processo criativo?

Então, o Balnilia surgiu porque eu queria fazer um livro infantil só com coisas absurdas, porque eu tava na vibe da Lauren Child que fez os livros da Clarice Bean e do Charlie & Lola. Mas ele acabou virando um blog, porque assim eu podia escrever, desenhar e publicar assim que tudo estivesse pronto – que é todo o poder que a internet te dá pra ser criativo e chamar a atenção das pessoas imediatamente. Por isso que, no começo, ele tinha histórias inteiras, tinha uma formatação certa, era lindo. E era completamente retardado – se você pegar umas coisas tipo ‘Lotte, o yokozuna da Austrälia’ ou ‘Groucho, a Tartaruga’, era completamente imbecil. E esses são os melhores por isso. Na época, a Karen Reis também escreveu umas duas histórias – a ideia era que ela fosse escrever sempre, mas ela tinha preguiça.

Depois eu fiquei com preguiça de desenhar 30 quadros por história e fui fazendo umas coisas curtíssimas e bem sem graça, que já eram um esforço pra só não deixar o site morrer. Mas ele acabou morrendo e pronto. Mas eu gostava das entrevistas comigo mesmo. E de poder transformar qualquer coisa em uma história.

I – A ilustração brasileira sempre foi marcada pelo humor, sendo raríssimos trabalhos nacionais com foco mais dramático ou adulto. Você acredita que essa tendência esteja mudando? Como você vê o mercado de ilustrações no Brasil?

Isso mudou no mundo. Depois que as pessoas descobriram que uns calhamaços completamente sem nexo, tipo “Umbigo sem Fundo” podem ser publicadas até aqui no Brasil, ficou meio claro que tem todo um mercado pra se vender quadrinhos exóticos e chamar de cult. Aqui no Brasil o negócio ferveu mesmo porque uns caras foram lá e ganharam o Eisner, daí todo mundo pensou ‘oloco, eu também consigo!’ E nada contra, é até divertido.

É só que não tem um seguimento crescendo: hoje a gente pode fazer o que quiser e colocar na internet – a tecnologia tá lá, é só fazer e pronto. Daí a economia cresce, e ninguém mais acha que precisa trabalhar no Mc, e vai ser artista. A conversa de que ‘isso tá crescendo’ eu ouço em todo lugar: o hip-hop tá crescendo, o cinema nacional tá crescendo, o stand-up tá crescendo, o quadrinho brasileiro tá crescendo… E tá mesmo. Daí isso faz com que alguém além do Maurício de Souza publique alguma coisa. E nem todo mundo tá afim de desenhar a Turma da Mônica. Não é que haja uma tendência a mudar o foco do humor pro drama – é só que tem gente querendo comprar isso. Daí a gente vê uma coisa que sempre existiu, mas hoje isso chega na Livraria Cultura, ao invés de ser vendido de mão em mão.

Página do Quadrinho Garoto Mickey, de Yuri Moraes

I – Você participou da criação do Quadrinho “Garoto Mickey”? Como se deu esse processo?

Eu não participei da criação de nada no Garoto Mickey. O Yuri queria uns takes de uma história dentro da história, pra funcionar como uma alegoria da situação psicológica do protagonista em alguns momentos chave. Daí, quando ele tava desenhando o negócio todo, conforme ele chegava nas páginas que iam entrar esses takes ele me mandava um email perguntando se eu podia e depois mandava o roteiro. Era horrível porque ele sempre queria 602 ações por página e eu falava que simplesmente não cabia aquilo tudo numa página só. Daí ele ria e falava que essa parte era problema meu haioshaoshaohsaiosh. Mas acabava sendo bem divertido, porque ele escreveu umas coisas ridiculamente violentas, tipo atravessar o braço de um cara pela barriga do outro ou matar o protagonista da história a tiros depois de terem arrancado a mão dele. Essas coisas…

I – Você está envolvido em algum trabalho atualmente?
Não estou envolvido em absolutamente nada. Nem desenhar eu sei mais. Eu olho os meus desenhos antigos e choro em cima deles, porque eu era loucamente melhor há um ano ou dois. Hoje eu só lavo a louça e jogo Mario Kart.

I – Um pequeno bate e volta:
– Um homem que lhe inspira
          José Luiz Datena.

– Uma mulher
          A minha.

– Um Filme
          Os Excêntricos Tenenbaums

– Uma banda
          Twin Sister – mas isso muda o tempo todo.

– Para você, imaginar é:
         O que eu faço.

Para conhecer mais: Raoni Marqs
                               Box de Séries
                               Balnilia&Co